terça-feira, 26 de julho de 2011

Através...das Janelas

Bento Gonçalves - RS - Brasil


Sempre tive as janelas, tanto abertas quanto fechadas, como espaço de esperança.
Pensava que, por elas, acalentamos nosso desejo de ver chegar um dia melhor... de ver o inverno frio e escuro dar lugar às cores e à promessa de vida da primavera... de ver o dia ensolarado e morno convidar para um passeio despretencioso...ou, ainda, confirmar que está escuro, frio e chuvoso para permitirmo-nos não sair e mantermo-nos no aconchego, sem culpa.
Também, pelas janelas buscamos, esperançosos, ver a chegada de alguém aguardado... ou a passagem de alguém admirado.
Por elas procuramos ver sem sermos vistos, nos deixamos espreitar a vizinhança e, em fantasia, alimentamos nossa pobre vida com a vida do outro... mas, também, nos expomos, para que nos vejam, saibam que existimos e, quem sabe, nos tornemos desejados.
Deixamos que por elas entrem o ar, o perfume das flores, o ruído da rua, a luz e o calor do sol, na esperança que nos chegue a vida.
E são elas, e as situações que proporcionam, por vezes, o único meio de contato com o mundo exterior, permitindo que se mantenha acesa a chama da esperança que dá sustentabilidade ao mundo interno.
No entanto, quando isso deixa de acontecer, quando a desesperança se instala, quando o contato com o nosso interior não é possível ou é por demais sofrido e doloroso, a janela torna-se, então, um meio de escapar para o exterior, num afã de lá encontrar o que aqui não pode ser encontrado, não pode ser vivido, não pode ser sentido.
Sem esperança, tenta-se ir ao encontro dela.
Usa-se a janela como uma porta para sair da vida de desilusão e desespero mas, ao contrário do que a porta é capaz de proporcionar, a saída pela janela não leva a muito longe, o corpo fica logo ali, caído, inerte no piso duro e frio.
Pela janela se tece a vida... mas por ela pode-se romper o fio que a sustenta.
Pela janela pode-se deixar entrar a vida ...mas se a usarmos como saída, por ela se sai da vida.
                                                            Silvia Bozzetti

sábado, 23 de julho de 2011

Montmartre - Paris - França


Portas ou janelas? Escolha
Osvaldo Heinze
Já destranquei tantas portas
e cheguei a nenhum lugar
já as janelas vivas ou mortas
passei sem chaves usar.

Portas, como palavras faladas
usam de um canal passador
mas janelas são encantadas
igual poesia do amor.

Feliz da casa com uma porta
fechada para a arrogância
e mil janelas, mesmo que tortas
escancaradas de infância.

Meu travesseiro me contou
que sonhei com uma janela
e falei que ela falou
que vida só vive por ela...


http://www.gostodeler.com.br/materia/13155/portas_ou_janelas_escolha.html

sexta-feira, 22 de julho de 2011


Paris - França


Vou abrir... Portas e Janelas

Rompo o silêncio que cala...
Nubloso e cinzento
Falo com a voz da esperança
Da alegria
Rasgo horizontes perdidos
Adormecidos
Rompo o marasmo do conformismo
E da inércia
Abro portas e janelas
Para que uma nova aragem
Entre e refresque
Numa casa...
Onde o cheiro o bolor
E a melancolia
Há muito...
Se instalou
Vou abrir...
Portas e janelas
Para a claridade...
Entrar.

Gil Moura

http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=120878