quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Bento Gonçalves - RS - Brasil


O IR E VIR ATRAVÉS DA PORTA


saia por tua porta
mas vislumbre sempre
a possibilidade de voltar
de retornar.
Vá com firmeza
captar o luminoso do mundo lá de fora
mas que seja tua própria vontade
que construa teu ir e vir.
E não permita
que nada nem ninguém
ouse impedir o teu regresso
para um lugar
de onde um dia saiste
para cumprir
o processo maravilhoso e fantástico
de apreender o universo.
E é assim
que não é errôneo dizer
que é a porta
a própria porta
que oportuniza a realização
da espetacular e necessária
caminhada humana
da espetacular e verdadeira
criação do viver
e do ser
rico e livre
que somos...


Vera Fisch

quinta-feira, 26 de abril de 2012


Brugge - Bélgica


A PORTA!
Paulo Nunes Junior
Quantas vezes abri as portas de minha vida...
E, através dela, entraram a alegria, a tristeza, a dor...
Quantas vezes abri as portas na esperança de encontrar o sol
e encontrei a névoa, outras vezes...
pensava encontrar a chuva e encontrei o sol!

Ah, porta esta! Que me surpreende,
portas abertas a amigos que se foram
e, hoje esquecem de tudo
porta que recebo a tantos e, por vezes, tento fechar
mas, falta-me coragem...
Através dela, esta porta da vida,
venho me aperfeiçoando e aprendendo, a cada instante,
por mais trancas que coloque
sempre esqueço entreaberta...

Esta porta, por vezes a entrada de minhas expiações,
Trouxe-me também o amor, e este compensa...
Dando-me forças de suportar a tudo.
Fechá-la afinal, para que?...
Não vim ao mundo para acovardar-me ou,
fechar-me para tudo,
pois sou filho de alguém que é, simplesmente,
O grande chaveiro do universo!...

E lá vou eu, mais uma vez, em direção a esta porta,
Que por vezes me foi traiçoeira e outras tantas amiga,
Abrí-la para mais um dia, para mais uma emoção,
para o desconhecido...
até que um dia...“este grande chaveiro”,
venha...e por vez a feche!...
Mas, certamente ele me abrirá outras portas,
Assim é nossa vida, nossa morte física,
repleta de portas, cabe a mim, somente continuar...
Abrindo...Abrindo...Abrindo!...

http://www.eunanet.net/beth/poemas/paulo_nunes_jr.php 

terça-feira, 24 de abril de 2012


Chiesa Sta. Maria degli Angeli - Roma - Itália


 AS PORTAS
                   Ivan Cezar

A porta que se abre
Deixa entrar a boa presença
Mas não evita a má companhia
Nem nega acesso à descrença
Mesmo entreaberta pela mania
Ainda assim é vão da esperança
Abertura para a vida

A porta fechada
É um não ao fluir do destino
Representa a certeza do medo
Lacre das potencialidades
Do que podia ter sido
E nunca foi ou será
É bloco inerte e entristecido

A porta quebrada
É o amor descontrolado
É moeda que não foi cunhada
Ferida da vida pelo bandido
Obra de fuga do traidor
Ou símbolo do abandono
A sangrar tal um país ferido



http://www.overmundo.com.br/banco/as-portas

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Bento Gonçalves - RS - Brasil

assim como o dia de hoje celebra seu nascimento único
que também nós saibamos perceber a festa que nessa manhã rompe
que a força desse novo dia não passe por nossos instantes desapercebidamente
que ele não seja apenas mais um vento sem recados especiais
ou um intervalo sem significados surpreendentes
assim como o dia de hoje celebra seu nascimento em todo seu esplendor
que também em nossa alma seja festejada a magia desse milagre
e saibamos receber o dia como ele pede a cada manhã

com simplicidade porque é nela que está o mais grandioso
como crianças porque é no sorriso que renascemos
como aves que abandonam as pseudo seguranças dos ninhos
como andarilhos que exploram todas as esquinas das estradas
como reis que coroam a liberdade do guerreiro
como abelhas que em cada flor multiplicam o mel
como poetas que descobrem a rima mais harmoniosa
como astronautas que pisam no solo do planeta interior
como mendigos que se superam e desistem das esmolas
como tigres que protegem as vulnerabilidades das suas crias
como árvores que distribuem as flores de uma primavera eternizada
como rios que prosseguem em fluidez mais convicta
como sábios que ouvem a palavra do silêncio
como pescadores que se arrojam ao mar do alimento
como orquídeas que oferecem a cor surpresa em sua exuberância
como palhaços que encontram o segredo na alegria do seu irmão
como alunos que deixaram de ouvir e passaram a escutar
como espadas curativas que não escolhem mais ferir
como vulcões que explodem suas erupções benignas
como gigantes que se engandeceram em suas atitudes maiores
como humildes que sabem aceitar o tempo do tempo
como atletas que bebem em cada gota de suor o sabor da vitória
como amantes que se purificam no gozo do amor mais pleno
como aprendizes que mantêm sempre abertas suas portas

portas abertas a todos que ao lado deles também estiverem dispostos a aprender

que no dia de hoje estejam escancaradas as nossas janelas, jardins, porões e sótãos
e que neles nossos pensamentos usem das tintas mais brancas
pincéis que colorem o nosso arco-íris mais permissível
descomplicando o confuso que tanto deixamos nos maltratar
secando as lágrimas que ontem turvaram as visões mais claras dos nossos olhos
abraçando em nossos corações os potes do ouro das nossas decisões mais luminosas
                                               KK

terça-feira, 17 de abril de 2012

Veneza - Itália




Janelas Poéticas
Sonia Ortega Wada

Construí janelas como bem desejo;
são redondas, quadradas e transparentes.
Toda manhã abro uma fresta
tento adivinhar qual é a cor do vento
que me traz cheiro de gente...
Pela janela da sala entra a luz do sol
da cozinha a alegria
do meu quarto entra o desejo
está sempre presente nas noites de lua cheia.
Na janela do terraço entra a esperança,
a maior que é da frente entra o amor
a do canto traz o sonho
e no quarto dos meus filhos
a luz que entra é a dos homens
chega nas cores do vento
no verde dos seus olhos
na inocência do menino
na música, na arte
entra cheiro, entra vida: juventude
pintando as paredes em tons felicidade
E na janela dos fundos entra sempre a certeza,
na do corredor que é redonda a dignidade
na quadrada  a amizade
na escura está pendurada a incerteza
no mundo em desando, uma dor só na multidão
pessoas pisando na esperança.
Na janela lateral plantei uma flor
um botão apressado em desabrochar-se
consciência numa verdade livre;
na janela poesia piso estrelas
querendo um poema
que roube o chão dos seus pés
Pela janela da varanda
entra um brilho intenso
como se a lua  se soltasse
em queda livre no universo
e perdesse o lume apenas
por um instante e essa luz
diamante rouba céu, mar e terra
em nome da paz e do amor.
http://sitedepoesias.com/poesias/20139


sábado, 24 de setembro de 2011

Montmartre - Paris - França

“Existem manhãs em que
abrimos a janela,
e temos a impressão
de que o dia está nos esperando.”
                                                                                                   Charles Baudelaire 
                                                  http://pensador.uol.com.br/autor/charles_baudelaire/  

terça-feira, 26 de julho de 2011

Através...das Janelas

Bento Gonçalves - RS - Brasil


Sempre tive as janelas, tanto abertas quanto fechadas, como espaço de esperança.
Pensava que, por elas, acalentamos nosso desejo de ver chegar um dia melhor... de ver o inverno frio e escuro dar lugar às cores e à promessa de vida da primavera... de ver o dia ensolarado e morno convidar para um passeio despretencioso...ou, ainda, confirmar que está escuro, frio e chuvoso para permitirmo-nos não sair e mantermo-nos no aconchego, sem culpa.
Também, pelas janelas buscamos, esperançosos, ver a chegada de alguém aguardado... ou a passagem de alguém admirado.
Por elas procuramos ver sem sermos vistos, nos deixamos espreitar a vizinhança e, em fantasia, alimentamos nossa pobre vida com a vida do outro... mas, também, nos expomos, para que nos vejam, saibam que existimos e, quem sabe, nos tornemos desejados.
Deixamos que por elas entrem o ar, o perfume das flores, o ruído da rua, a luz e o calor do sol, na esperança que nos chegue a vida.
E são elas, e as situações que proporcionam, por vezes, o único meio de contato com o mundo exterior, permitindo que se mantenha acesa a chama da esperança que dá sustentabilidade ao mundo interno.
No entanto, quando isso deixa de acontecer, quando a desesperança se instala, quando o contato com o nosso interior não é possível ou é por demais sofrido e doloroso, a janela torna-se, então, um meio de escapar para o exterior, num afã de lá encontrar o que aqui não pode ser encontrado, não pode ser vivido, não pode ser sentido.
Sem esperança, tenta-se ir ao encontro dela.
Usa-se a janela como uma porta para sair da vida de desilusão e desespero mas, ao contrário do que a porta é capaz de proporcionar, a saída pela janela não leva a muito longe, o corpo fica logo ali, caído, inerte no piso duro e frio.
Pela janela se tece a vida... mas por ela pode-se romper o fio que a sustenta.
Pela janela pode-se deixar entrar a vida ...mas se a usarmos como saída, por ela se sai da vida.
                                                            Silvia Bozzetti